Tudo se descolore.
Aquilo que eu digo se apaga. O que eu imagino se dissolve. O que eu crio se desfaz.
Todas as minhas fantasias, todos os meus absurdos têm limite de vida. Têm seu prazo determinado para desaparecer.
Se tudo que é deixa de ser, então para que importar-se? Para que gastar aquelas horas com alguém ou alguéns? Porque ler as minhas próprias palavras, porque dar-me o trabalho de combiná-las co outras? Porque gastar-me com pedaços que serão descompassados e esquecidos?
Não é para te agradar. Pouco me importa seus gostos. Prefiro tomar parte dos desgostos. Conte-me todos. Elucide-me com a sua porcaria. Derrame o seu desprezo. Preencha-me de todos as suas ingnoradas partes de vida. Deixa-me transformá-las em paixões ligeiras. Deixe-me transformar as suas não-vidas e seus não-amores em pequenos momentos de luz. De escuridão.
Eu não o faço para você. Não o crio ou descrio para você. Eu gosto de explorar. Gosto de dizer o não dito, fazer o não feito, desejar o não desejado. Gosto. É um fetiche meu. Deixe-me aqui sozinha arranhando as teclas desse computador. Abandone-me. Esqueça-me como esquece as minhas palavras.
E talvez, então, eu deixe de ser obrigada a ter propósito. Talvez eu deixe de ser obrigada a ter um futuro ou uma motivação. Talvez, se me esqueceres, eu passe a ser apenas um lapejo de paixão. Que acabará. Apagará.
sábado, 8 de maio de 2010
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Um comentário:
"vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim, descolorirá"
Lembrei muito dessa música lendo! hahaha lindo demais!
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