terça-feira, 28 de junho de 2011

Carta dos primeiros 30 dias

Um plágio de uma música onde o dia frio e um bom lugar pra ler um livro são os poréns para o início do pensar. Em você. "E o pensamento lá em você". É o que eu fiz hoje. Pensei em você lendo um livro e tremendo de frio. Temendo que você pudesse ter calafrios de saudade, onde a fragilidade inside. Onde toda idade despenca e se revela. E que cinco anos é suficiente para não significar nada, em absoluto.

Todos os lutos paradoxais que já existiram não desmontam o seu. Uma mão no lenço e outra na minha. Onde os pilares de um prédio se entrelaçam feito dedos vagos. Os mesmos dedos vastos que massageiam a sua proeza de ter a lindeza que muitas perseguem e mal percebem a própria.

Não moro mais em Niterói. Não moro mais no de Janeiro. Moro agora no Rio que me corrói de felicidade real. A felicidade que se afunda e se levanta. A que se ajoelha e se pune. A que ri e enfeita. A que se acompanha sem se preocupar se ganha ou se perde. É a felicidade adquirida, segundo por segundo, passo a passo, sem precisar dos compassos alheios.

Já provei inúmeros sabores, mas o seu move meu paladar. Evolui meus pensamentos e me dá constante água na boca. Dá vontade de colocar inúmeros temperos, fortes, suaves e exóticos. Apesar de não temer de manter a mesma receita. A mesma receita que já tem o sal como o mar. Ondas que eu procurava para me manter longe desta terra. Me carregar para ilhas virgens e deslumbraveis. E ter sempre uma onda para me desafiar.

Está sacramentado o nosso primeiro mês oficial. Está desafiado só pelo encanto. O resto caminha só pelo pranto de não ter mais você. De não ter todos aqueles risos pré-programados, aqueles dedos mal educados, aquela descoberta inversa, aquelas conversas aflitas no olhar, aquele desejo de dar a você o meu bem estar. O que eu faço por você é tudo de olhos bem fechados, pois da minha boca você já tem o meu beijo carregado de palavras corruptas pela sinceridade do seu querer. Pra vida toda. Se assim nós quisermos.

Não me importa. Minha felicidade plena somente será agraciada totalmente se passarmos por tudo. O que me conforta é que ainda estamos no começo de tudo. E estou com você. Na alegria e na tristeza. Casa comigo, minha alteza?

*caso a resposta seja negativa, minhas provações a farão mudar de ideia. Com todo amor e carinho sincero.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ressaca


São muitas ondas inesperadas,
elas quebram em cima de você sem avisar,
elas formam lindas e, ao mesmo tempo,
assustadoras ondas no meu mar.

O problema é que estou ali,
na tentativa de não me afogar,
o problema é que estou ali,
e não quero voltar.

Serão quantas ondas, essas todas,
em que quero nadar e não tenho tempo,
mal abro os olhos e vem outra a me acertar,
sem poder, ao menos, pestanejar?

O problema é que o mar é azul,
sem a vermelhidão do vinho derramado,
sem a cegueira em vão do tempo armado,
e não quero voltar.

O silêncio vem da força da onda,
estou vivo, mas não o pronuncio,
estou atônito mas eu quero, e vou,
me levantar para o mar.

O problema é que estou ali.
E quero estar. Pra poder nadar.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Não importa

Passagem aterradora de princípios antes desconhecidos
Não há conhecimento que tolere esta falta de.
Particularmente privatizado no próprio estabelecimento humano.
Linhas que descem e não são lidas verticalmente, como estaria.
Nem no horizonte perfura tantos diagnósticos contrários
Não tem câncer, não há mentiras pré-estabelecidas
Há verdades pré-inventadas.
Todas as essências são dadas e não vendidas.
Um texto que cala.
Um beijo que escreve.
Jaz aqui o último momento e doença.
Tem uma nova música.
A que toca na rádio central da estação.
Um trem que nunca passará.
Uma cinza de vulcão que venta silício em silêncio.
Pra onde foram as vírgulas do terror?
De repente.
Tudo voa como se não quisesse.
Mas precisasse voar.
Mas 'mas' não começa frase.
E você dá voltas em seu temor julgador.
Por que insiste nessa perplexidade momentânea?
Dou espaço quando eu bem entender.
Como as pala v de um jeito que você se irrite.
Mas você entende ou finge que vive.
Pode ficar lendo e interpretando um bando de citações como obra de concreto.
Desista.
É uma máfia abstrata.
Atira e rouba todos os seus insolentes minutos em que poderia.
Poderia estar.
Fechar os olhos e ouvir.
Sentir o ouvido e perceber.
E perceber.
Que um texto que não diz nada.
Um nada que tenta escrever tudo.
Chega de ler. Tapa no meio da cara.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Relato de um presente

As palavras presas que agora saem,
as delícias, que agora presto minuciosa atenção, atraem,
todo silêncio que impregnava, agora dói.

A vontade de conhecer tuas bordas,
a tenência de me ater a teus detalhes,
a decência de seguir o que olhas, ser seu herói.

Faço perguntas malucas,
afirmo risadas infantis,
prometo o mundo e afins, sou de Niterói.

O percalço que passo é menos,
as dúvidas que temos, tanto faz,
e o amor que se faz é mais, isso constrói.

[vamos construir juntos?