sábado, 28 de agosto de 2010

Des-liga

Pra quê escrever? Essa é a minha música. O tom que sai da sua boca me hipnotiza como o nascer do sol em plena ressaca de espírito. É um tom criança, é um jeito maduro. Vai ver não consigo olhar pros seus olhos enquanto fala comigo por causa do carinho em que sua voz amacia minha audição. É o mesmo quando recebemos um carinho enquanto estamos abraçados. Fechamos os olhos de conforto.

E vou confessar. Estou precisando fechar os olhos. Feche meus olhos. Pode não abrir minha boca, mas explore meu tato. Assopre meus arrepios da saudade. Quando abrir meus olhos e não te enxergar, que eu assista o balé lento das estrelas na noite. A praia faz enxergar o ar através da maresia, suas risadas e seus devaneios sem nexo formam uma harmonia sublime.

Cheiro de chuva, mas a terra molhada é a que deito sem titubear. O vento não faz mais barulho, são agulhas vindas do céu para massagear minhas costas. Uma máquina registradora de momentos bons. A eletricidade não vem do poste. Desce a luz e corrompe o suor das minhas mãos, obviamente, sedentas de novas explorações em teu colo decotado. Envolta de tua camisa xadrez quase social, a saia que entrava a maresia despertava um certo ciúme, uma humidade relativa de tesão.

É melhor fechar os olhos. Nós dois. Se os olhos são os espelhos da alma, me faça refletir quem eu realmente sou. Me faça gritar por dentro.

Apague a luz de fora. Acenda a de dentro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Voe lindice, voe

"Moça bonita que tá na janela, borboleta da asa amarela" já dizia o bate cum dum. Na fulerage dos cabra macho que arreda os pé da mulecage, as muié acha tudo e todos um bucado marimbento. Noutro dia que os outros azuclinava a vida da Jurema, coisa mais arretada de toda Rio Grande, Padin Ciço acoita os cabra que são boa gente que nem eu mesmo, sim senhô.

O meu coração quando viu essa lindeza perrear ficou todo zambeta, ingurujado e arretado como nunquinha, vice? Balangava aquela saia rodada num forró danado de atarentado. E atarentado mesmo era os cabra que não conseguia acompanhar tamanha lindice.

Os fi duma égua ficaram cum os zóio tudo esbugalhado. Dei um chega pra lá e o arrasta pé ficou charfudo. Empurrei os fulero pra dentro da caçamba e levei a sinhá pra bimbar na minha geréba. A muié falava de um tal de Sudeste, que o buraco ficava mais embaixo, que a tapioca de lá era mió mas não tinha os tempero daqui da rede. Tarvez a minha balançasse mió, vice?

Cinco meses depois dessa besteragi, a muié da lindeza me aparece embuxada e põe a culpa num tal de Nordeste, no cabra que ataiava ela cum força e que arriava qualquer chance da lindeza bater asa por si só. Mas se um dia nois dois vivesse, além de acoitar a minha muié bela, pidiria pra essa lindice apagá o fogo da panela e se colocasse na janela, borboleta da asa amarela.

domingo, 8 de agosto de 2010

Repe(T)ir

No alto de seus ombros delineados penetra uma onda de choque. São particulas de saliva fria que se chocam com a pele tensa e bem quente. Cheia de energia que perturba agressivamente nossa noção de equilíbrio. Tontura é bem-vinda. Chega. Chega mais. Chega. Chega mais. O sentido das palavras se misturam para serem devidamente fragmentados pela desorientação. Se existe o teto preto, o teto branco se criara neste momento. Qual relação que a gente tem agora? Corporal. Corpo. Chega. Chega mais. Chega...

A minha mão é um fio desencapado. Curto-circuito. Isso que quero. Um circuito curto para as energias circularem com maior ilusão. O cérebro sente e o coração fica entregue. Só o tesão é páreo para o coração. Suas entradas são as minhas saídas. A minha saída. O olhar serve para abastecer a cena incomum. Os famosos detalhes por dentro das indestrutíveis quatro paredes. As paredes anti-voyeur.

Seu véu é tirado com os meus dentes, sedentos pelo choque corporal. Sem equipamentos elétricos. Só a nossa pele, carne, osso e vida. Esses choques servem para eu lhe degustar como se fosse a entrada do grande prato principal. Com muita maciez e provocação. Quero que você se angustie pela minha língua. O que ela faz é capaz de virar os seus olhos para cima, além da confirmação do desejo pela vida. Pelo desejo de poder repetir a dose. Bebe. Pode beber. Agora que está vendada, algemada e com o corpo de como veio ao mundo.

Cubo de gelo te serpenteiam, minha carícia gera confusão mental. O domínio do corpo e das sensações ficam hipnotizadas. Seu seio preenche a minha boca. Sua boca é mordida por você própria, o que eu ouço é de se pedir mais. Mais. m.. mais. Meus dedos agora estão se esquivando do teclado e o meu prazer está molhando.

Chega mais. Sai de onde quer que esteja, seja a minha cerveja. Deixa eu ficar bêbado de sua química, de suores degustados língua por língua. De sua bunda fria e minha mão fervida de sede. Meu corpo contrai. Nunca uma contração seria boa. Colado à você é, não só bom, como é o jardim dos meus Deuses desacreditados. Sua barriga é mais sensual do que muitos esconderijos corporais. Sobre estes esconderijos, me torno explorador de uma terra virgem onde cada passo é cauteloso e a recompensa é exorbitante.

Cavalga e troteia teu corpo assim como uma máquina incendiária, um bombeiro que não ousa intervir, uma princesa que tome conta da sua majestade. Com ou sem mãos forçadas contra seu peito inchado e hesitante, leva este agreste pro paraíso que disseste. Chega. Chega mais. Arrepio. AR-RE-PI-O. Tá sentindo? Não? Lembra daquele amasso gostoso quando poderiam entrar em qualquer momento? A porta estava destrancada. AR-RE-PI-O. Falta de AR-.

Ch..Mais. Estou no paraíso, me morde. Me chupa. Me beije. Mate-me.












Morri.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Emoção Fala

Nós. Depois de 'eús' me batizei no encanto. Você, essa coisa excitante que perdura no âmago. Saía da porta como a princesa do cometa, a vertigem da roseira ou a definição de desejo. Vi seu blackberry apitando a cegueira de uma mensagem falsa, desconexa e carente, aquela que hipnotiza teu rancor. Os cabelos ruivos não lhe envaideciam, apenas realçava tua face com corpo democrático. Naquele olhar perdido, acabava de não ver tua presença, só entendia o bater do meu principal órgão. Não precisamos ter cérebro para amar. O cérebro só serve para que saibamos que estamos amando. Um vento passava e meus cabelos curtos conseguiam balançar sob o perfume do feromônio incandecente.

Num texto nervoso e mal escrito, além de me dar conta de que estava embasbacado, vi que o amor é um entorpecente poderoso. E isso tudo mata, vive, inflama e desonra qualquer pensamento racional aceitável. O céu e o inferno são os limites, definitivamente. Aventura não é escalar o Monte Everest quando se pode amar e um dia gozar e no outro beijar o chão. Este é o nosso céu e inferno.

Conheci o profundo para o Sul e você me olhou pelo Nordeste, não havia seresta ou coisa que o valha. O Norte fui descobrindo e o céu era o fundo de sua pupila contraída. Sua pele branca reluzia a saia rodada com paetês sem marca e seu sapato que te deixava 10 cm mais alta do que eu. Não dá pra falar mal de alguém que me importo tanto. Até dá. Mas concordo que seus trejeitos lembravam a minha infância sadia, serelepe e preocupada com o sorriso da vida.

Sua mensagem privada na internet ficava como quadros estatelados na minha parede. Suas pernas eram dois irmãos e eu te amando era o Vidigal. Tua calma era a brisa da Gávea. Teu carinho era o sol de inverno. A ponte separava a vontade de ser um só continente, por mais que a gente tente, não há prazer melhor que acalente. A saudade era a nossa sala de estar, o filme que assistíamos era um motivo para uma lasanha e o vinho era para provocar as nossas verdades.

Nós temos o passado e o presente como um constante vai-e-vem, um trânsito livre e desempedido de vias alternativas. Como é que você me chama? Os nomes se adocicaram e entraram em uma foto redonda. Inesperada. Me chama de diversão. Preciso destas risadas joviais e lembrar de rir do nada, porque o nada preenche e toma o coração.

O vermelho que jogas no vento é sangue da sedução, a medusa rubra. Teu decote sutil desmonta esperanças de um pensamento mais capitalista. Socialismo, socialismo. Precisava me socializar com você. Se relaciona. Vem cá, me beija e me deixa rouco. Arrebenta a corrente da loucura e deixa dominar. Porque um cão feroz só freia depois de aniquilar a loucura da presa.

Me coloco a sua disposição e da sua companheira de quem queres que eu tape a boca com meu peito repleto de vontade viril . Teus desejos libertinos não me provocam desgosto. Tens o meu grito junto ao teu. Os populares não conhecem as nossas quatro paredes, mesmo não temendo a ausência delas somos ousados. A malandragem eu visto agora, sua molecagem eu faço o convite para o retorno. Sou um ímã e te tenho colada a mim. E a ela.

Deita no sofá, quero ser seu analista, descobrir teus sorrisos em falso, não como eles aparecem, mas sim para ter prazer da sua falsidade fake - mal feita. Aquelas pintas que eu livaga um novo zodíaco me entretiam como um brinquedo novo de uma criança. A impressora gerava mais um retrato teu. Preto e branco. Ambos mais harmônicos que a sua real figura em cores. Praia e grama. Estávamos perdidos em um país só nosso. Onde eu era o lacaio e você era a governante. E vice-versa.

O coração fala, elogia e tende para interesses próprios. É o vício do prazer de amar. A única droga que vem de dentro pra fora e faz o Everest ficar apenas a 1 metro e 65 centímetros.