sábado, 28 de agosto de 2010

Des-liga

Pra quê escrever? Essa é a minha música. O tom que sai da sua boca me hipnotiza como o nascer do sol em plena ressaca de espírito. É um tom criança, é um jeito maduro. Vai ver não consigo olhar pros seus olhos enquanto fala comigo por causa do carinho em que sua voz amacia minha audição. É o mesmo quando recebemos um carinho enquanto estamos abraçados. Fechamos os olhos de conforto.

E vou confessar. Estou precisando fechar os olhos. Feche meus olhos. Pode não abrir minha boca, mas explore meu tato. Assopre meus arrepios da saudade. Quando abrir meus olhos e não te enxergar, que eu assista o balé lento das estrelas na noite. A praia faz enxergar o ar através da maresia, suas risadas e seus devaneios sem nexo formam uma harmonia sublime.

Cheiro de chuva, mas a terra molhada é a que deito sem titubear. O vento não faz mais barulho, são agulhas vindas do céu para massagear minhas costas. Uma máquina registradora de momentos bons. A eletricidade não vem do poste. Desce a luz e corrompe o suor das minhas mãos, obviamente, sedentas de novas explorações em teu colo decotado. Envolta de tua camisa xadrez quase social, a saia que entrava a maresia despertava um certo ciúme, uma humidade relativa de tesão.

É melhor fechar os olhos. Nós dois. Se os olhos são os espelhos da alma, me faça refletir quem eu realmente sou. Me faça gritar por dentro.

Apague a luz de fora. Acenda a de dentro.

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