segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Retrato de uma mulher

Procure onde quiser, neste mundo em preto e branco sois o sarcasmo da poesia. Não precisaria mais que branco, cinza e a sombra do preto para ser vívida. A ironia da língua sem abrir a boca. O pano em que envolve, o pano em que dissolve seu organograma corporal. Não haveria beleza clássica. Não lhe faziam menção nos livros de arte. Saibas que isto não ocorreria em absoluto. Tu és o livro inteiro. O livro em que devoro. Não é necessário palavras onde a hipnose ficava por tua conta. O caminho em que fazias na areia era arte, poesia dançada. Uma labirintite natural, charmosa e com sal. Quando eu procurava um certo nome de cinco letras, a arte parava. E girava em torno de si. A arte tinha nome e estava no meu quadro. A idiossincrasia se fez, finalmente, em um ato simples e cotidiano. Mas o fazia com a abruptidão da leveza. O vento que batia no rosto era a energia do seu movimento, nos cabelos pretos da maresia, na tormenta em que em meus olhos fazia. Tua sombra tinha inveja. Queria levantar-se do chão e pegar todas as suas verdades verticais, assim como o sol ao meio dia de verão. Tua marca do verão tinha rabiscos da primavera, das flores que estavam distantes, mas que exalavam por dentro de sua membrana dócil e enérgica. És maior que um prédio. Demolição do estático - embora sejas agora. As ondas não querem arrebentar na areia. Querem ter a certeza que estão em sua direção, pois tu indicas que o fluxo da plenitude e da simplicidade trazem correntes além-mar. Correntes que expiram um sopro de vastidão. A mesma que encaro agora. Não deixes que.. Esquece. O meu comando é inútil frente à exaustão que o prazer singelo do teu olhar humano me estupefaz.
Não é nada, não é nada. Esquecerei disso jamais.

Um comentário:

Carolina Muait disse...

Valeu saltar da cama as sete da manhã, não poderia ser surpresa mais doce... (ainda a decifrar cada linha, espero um dia ter me alimentado de tudo que disse, por completo.)