segunda-feira, 18 de julho de 2011

A História de Harrison Maybe (post I)

Na estrada de um deserto fora do estado, um Maverick antigo, preto pela escuridão, atravessava sem deixar pistas daquelas marcas de sangue. Gotas frescas de uma arma tomada pela tirania da palavra: VINGANÇA. Seu número de série era 2001ny11eua09. Nada de terroristas. Palm Desert era assombrada "pelos os que não voltaram". Seu saloon não tinha mais aquela madeira mordida. Eram apenas balas de espingarda.

Harrison Maybe não tinha contado os últimos tiros que disparou no saloon na noite passada. Economizou. Sobraram três tiros e um só alvo. Era moto, fácil mirar. Uma música tocou sua cabeça. Tirou dois cigarros sem filtro, deu um peteleco habitual no isqueiro. Acende, acende. Não queria fumar tanto. Com sua boca, abandonou um dos acesos e deixou que o pequeno rio de gasolina fizesse o resto.

Indecente com a vida, traçou o caminho de volta com a sensação de não ter o dever cumprido. Nunca teve o dever. Matava por gosto. E de próprio desgosto. Foi chutado de casa só por nascer. Não digo nascer por alguma deficiência, mas sim por apenas ter tido o fato de nascer. Pelo menos é assim que sempre se sentiu Harrison Maybe, o Talvez.

Todos o chamavam de diabo dos infernos. Só depois descobriram que chamá-lo de O Talvez seria mais apropriado. Antes de matar, pedia pra perguntá-lo se ele achava-se bonito. Antes da palavra se completar, uma salva de tiros corrompia os olhos findantes. Talvez, respondia com rascância. E esse já era o terceiro talvez pronunciado só da semana.

Não contando com o destino, batida policial a frente...

(continua no post II)

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