terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Manobrista


Não sei se sinto calor ou frio, se o que me queima é o suor ou o Rio. Perto ou longe de você me faz perecer 1 kilograma de alma. Enquanto olho pro chão, enquanto encontro o não, pareço ermo, seco diante uma chuva de verão. Chuto o aguaceiro para a minha ira tomar as gotas da alegria. O passado fica mais distante, meu passo está mais adiante na esquina vazia. Meninos e meninas soprando bolhas de sabão como eu fazia. As gotas grossas de chuva sabotam as bolhas de peripécias infantis como enroscam na minha pele fosca que arde depois de um devaneio de prazer solar.

Um homem que vaga, não falha. Preenche. Eu não vago. Estou vago. Do teu sorriso em minhas orelhas, das tuas risadas em minha boca, da tua carne na minha alma, da tua companhia na minha satisfação. Que queres? O que eu quero? Sabes. Perto de um frescor que bate em minhas entranhas, sigo coisas desconhecidas, me perco em veias estranhas, do qual a incerteza é dada como certa. Escrevo porque enlouqueço, te quero porque esqueço de tudo que me corrói, mesmo sabendo que o meu atual corroer é não ter você.

Já não me sinto especial, mas sei que especialmente tenho uma surpresa para você. E que os fogos na rua, a arranhura na garganta, as inconsequências que venho a tomar, são os desequilíbrios que teu sorriso, tuas risadas, tua carne e tua companhia me vêm ausentar.

Estaciona. Estou vago.

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